As salas de cinema em Recife, nos anos 1920, eram bastante
visitadas, principalmente pela camada média urbana, apesar de
também frequentarem estes ambientes as pessoas de outros estratos sociais. Com
a entrada a baixo custo, e diversão garantida, estas salas de cinema configuravam-se em signos do anseio por alcançar-se a vida moderna. Segundo Raimundo Arrais, o cinema
contribuiu para mudar hábitos da sociedade recifense, tal como o de dormir
antes das nove da noite, além do que, uniam-se em um mesmo espaço, pessoas das
camadas médias com pessoas da camada mais baixa. Com seções vespertinas e
noturnas, a cidade foi tomada pelas muitas salas de projeção, que iam das
pequenas e efêmeras, até as mais modernas e duradouras. Entre 1909 até o final
dos anos 1920 foram mais de 50 salas na cidade.[1]
Três cinemas funcionavam na Rua Nova: O Pathé, inaugurado primeiro, em 1909; o
Royal, alguns meses depois e por fim o Vitória, que segundo Sette, era voltado
para “o pessoal de segunda”[2] a
concorrência entre eles era forte, e não eram poucos os frequentadores e
frequentadoras das movimentadas salas, tantos que aglomeravam-se às portas para
poderem comprar um bilhete que dava acesso ao fantástico mundo da fantasia.
Mais uma vez, o cronista Mário Sette testemunha a euforia que se sentia ao
passar na frente do Cine Pathé:
Convidativo,
confortável, vistoso, tipo dos do Rio de Janeiro, Êxito formidável.
Revolucionou o Recife inteiro. Quer nas vésperas, quer à noite cheiíssimo. As
calçadas ficavam tomadas e os bondes passavam a custo. Comprar um bilhete
significava uma vitória.[3]
[1] COUCEIRO, Sylvia. Costa. Artes de Viver a Cidade: Conflitos e
convivências nos Espaços de Diversão e Prazer do Recife nos Anos 1920. [tese]
Recife, Universidade Federal Rural de Pernambuco, 2003. p 88
[2] SETTE, Mário. Maxambombas e Maracatus. Recife: Fundação de Cultura Cidade do
Recife, 1981, p 110
[3] SETTE, Mário. Maxambombas e Maracatus. Recife: Fundação de Cultura Cidade do
Recife, 1981. p110
* Imagem da Rua Nova e os seus três cinemas mais importantes - Fonte: FUNDAJ (Recife)
Imagino o evento que era ir ao cinema naquela época. Pena que os cinemas tenham migrado quase em sua totalidade para os shoppings. Será que já comiam pipoca, Alexandre? Lembro que minha mãe contava que era comum levarem amendoim torrado de casa para comer no cinema :)
ResponderExcluirUma boa dica para pesquisa, Tita! Realmente não sei quando o hábito de comer pipoca ganhou os cinemas, um estudo mais profundo poderá revelar isso. Ficarei de olho na documentação nas minhas próximas pesquisas! Vote sempre!!
ResponderExcluirPS: Amendoim torrado é uma delíííicia!!
É uma coisa mágica este tal de cinema! Gostei muito!
ResponderExcluirAh, e boa sorte na monografia!
Beijos! :)
Obrigado Malú! Já está pronta.
ResponderExcluirE sim, o cinema é fantástico... Beijos!
Imagino a coisa do outro mundo que o cinema representou assim que passou a existir na Recife do início do séc. XX, assim como significou o surgimento da televisão no país. Imagens em movimento contando estórias deveriam alimentar de estórias a vida de seus frequentadores. Um mundo novo surgia para aquele povo com uma tecnologia quase inexistente. Quanto cinemas e quantas histórias eles trazem de um passado já remoto à população da Recife, hoje, moderna.
ResponderExcluirAlô, Alexandre.
ResponderExcluirTu tens mais informações/imagens dos cinemas no período entre 1920/30 (Ciclo do Recife)?
Estou fazendo uma pesquisa na área, mais voltado para o Design, mas não encontro imagens que me ajudem...
Procura em revistas da época. Poderás achar posters de filmes. Ou então, você pode entrar em contato com a Cinemateca da Fundaj/Recife, quem sabe eles podem te ajudar. Abraços!
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