terça-feira, 8 de maio de 2012

Mocinhas na rua?

Tão comum vermos nas grandes e até mesmo nas pequenas cidades, mulheres desbravando as ruas, as lojas, fazendo compras, conversando, praticando esportes, etc. E pensar que nem sempre foi assim....

          O Recife, apesar de querer ser moderno, em fins do século XIX e início do XX,  era ainda uma cidade carregada de costumes e de modos provincianos. As lojas da capital tinham muita semelhança com as das cidades do interior. O cronista Mário Sette conta como em Recife, ainda no final do século XIX, eram os pais e maridos quem iam às compras, adquiriam os tecidos e seguiam às costureiras para a confecção das roupas de suas filhas e esposas. Raramente as mulheres se dirigiam as lojas e nestas ocasiões, claro, acompanhadas dos seus maridos ou de seus pais. 


“[...]aquela época recuada, bem raras as senhoras que iam fazer compras. O lar ainda tinha um tanto de clausura e nem tudo ficava bonito para “uma mulher direita”. O andar de loja em loja era uma destas ações que não lhes “assentavam”. Mário Sette - Maxambombas e Maracatus

         Esta clausura mencionada por Sette refletia o machismo de uma sociedade onde a mulher ainda era considerada propriedade de seu marido. A elas restavam os afazeres domésticos, cuidar dos filhos e do esposo, o piano, e o crochê.
         Entretanto, alguns anos depois, Recife crescia, com novos meios de transporte e maiores áreas urbanas. Isso, de certa forma, contribuiu para que, gradativamente, se discorressem as mudanças no comportamento feminino. Aos poucos se tornaria mais frequente a presença de senhoras com suas filhas a correr as lojas, ver as novidades, conferir preços, atender aos reclamos dos jornais. Culminando nos anos 1920, onde facilmente encontravam-se mulheres em grupos, ou mesmo sozinhas, andando de lá pra cá, pela Rua Nova, ou Imperatriz, praticando o footing, indo ao cinema e flirtando com rapazes por aí, fazendo cair os cabelos das cabeças de seus pais, ainda ligados ao tradicional... os tempos mudam, mas algumas coisas não!

Alexandre Melo


COMO CITAR ESTE TEXTO:
Fonte: MELO, Alexandre. Mocinhas na rua?. Recife. Disponível em: http://cidadedosmelindres.blogspot.com.br Acesso em: dia mês ano. Ex: 07 mar. 2012.

10 comentários:

  1. kkkkkkkkk Com certeza!!! O historiador dirá, é a "Longa Duração" a pessoa comum dirá: "Pais são pais", eu direi que bom que algumas coisas mudaram na cidade, pq viver presa em casa ninguém merece!!!

    ResponderExcluir
  2. Acho tão linda as vestimentas dessa época. Olha, é bem interessante perceber a evolução da mulher na sociedade. A rev. industrial teve papel nesse grito de liberdade feminino. Mulheres trabalhando fora de casa? mulheres nas ruas, fazendo compras, dizendo o que quer e como quer? Coisas que para nós hoje em dia faz parte do cotidiano e ainda tem as que nem fazem ideia da luta que foi para nós conseguirmos o nosso espaço. E ainda tem muita luta pela frente!

    ResponderExcluir
  3. Excelente texto! Mas confesso que não gosto dos anos 20, só não me pergunte pq?

    ResponderExcluir
  4. Nada de saracotear no shopping? Nossa, os anos 20 já perderam muito do seu encanto! rsrsrs Mas as roupas continuam sendo uma graça!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não Tita, você entendeu errado, a clausura do lar era em fins do século XIX, nos anos 1920 ocorre a gradativa maior liberdade de ir e vir das mulheres, mas toda mudança gera choque, não é? Nem todos aprovaram isso, tal como hoje, existiam pessoas que não simpatizavam com mudanças. Abraços! obrigado pela visita!

      Excluir
  5. muito legal esse artigo. me lembrou um pouco o modelo mélissa em atenas, apesar de que tb é uma comparação perigosa.

    ResponderExcluir
  6. Que lindo seu blog, amei o tema, gosto muito dos anos 20, tão charmosos...

    ResponderExcluir
  7. Nem me imagino sem sair de casa! Ficar apenas cuidando do marido, filhos e crochê (!). O pior que ainda existem mulheres que cultivam esta ideia, não é mesmo? Fico muito agoniada, mas fazer o quê? Como você mesmo disse, algumas coisas não mudam!

    Ps.: Demorei, mas voltei! :)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Bem vinda de volta, Malú! volte sempre, essa Cidade também é sua!

      Excluir
    2. Achei incrivel toda essa informação sobre o comportamento da mulher dessa época, sobretudo nos primeiros passos para sua liberação como pessoa que sabia, e se não sabia, queria saber onde ir, o que vestir e o que beber. Minha avó e minha tia nessa época trabalharam em uma fabrica de tecidos no Rio. Minha vó nem tanto, pois os homens eram muito mais machistas, mas minha tia tornou-se independente cedo. Era nítido o comportamento diferenciado dela, em relação ao da minha mãe, que sempre ficou em casa. Minha tia era mais descolada. rs

      Excluir