sábado, 2 de junho de 2012

Melindrando com as Melindrosas

     Ao fecharem-se as cortinas da I Guerra em 1918, no mundo ocidental, surgem figuras interessantes: Moças, com aparência de criança, maquiagem forte, com cabelos curtos e com as pernas à amostra. Respondiam pelo nome de “melindrosas”, pareciam meninas, agiam como mulheres, se portavam tal como os homens, mas não perdiam a feminilidade. Seres emblemáticos, andróginos e que demonstravam de maneira intensa a adesão de uma sociedade aos desígnios da modernidade capitalista.
    A história das melindrosas vem de além do Atlântico. Os países anglófonos às denominaram de flapper girls, que era uma expressão usada para definir as jovens que ainda não tinham alcançado a fase adulta, mas que se comportavam com se já as fossem, além de optarem por viver fora das convenções tradicionais. O modo flapper girl de ser surgiu, inicialmente, na Grã Bretanha e espalhou-se nos centros urbanos do ocidente, por meio da modernização dos meios de comunicação e de transportes. Na França, estas mulheres denominaram-se garçonnes, termo herdado do polêmico romance de Victor Margueritte, “La Garçonne” (No Brasil, "A Emancipada")
     Aqui em nossa terra, nasce a melindrosa, que faz sacudir a hierarquização dos sexos. Pertencentes às camadas médias urbanas, elas surgiram em vários centros do país. A melindrosa era a representação de uma jovem elegante, despreocupada e comumente frívola. O estilo importado viu-se intensificar com a fotografia nas revistas e o cinema, representações que contribuíram para espalhar esta tendência pelo globo.
    A figura era, em geral, construída de maneira muito semelhante: roupas e acessórios nas formas mais em voga, maquiagem precisamente aplicada e cabelos bem curtos. As flappers, desta forma, podem ser consideradas sinal eminente da forte influência cultural exercida da Europa para as Américas no início do século XX, símbolos da modernidade, marco dos anos 1920, sinônimo da rebeldia das garotas à antiga ditadura dos espartilhos, e representantes ainda, do sentimento do pós-guerra, onde a regra principal era viver cada instante intensamente. As cidades dos anos 1920 tornam-se desta forma o palco das melindrosas, uma nova configuração social, que desejava esquecer a destruição, buscando desenfreadamente por diversão, festas, e danças, que tornam-se o método inconscientemente usado para se recuperar o tempo perdido com a Guerra.

Alexandre Melo

Fonte: MELO, Alexandre. Melindrando com asMelindrosas. Recife. Disponível em: http://cidadedosmelindres.blogspot.com.br Acesso em: dia mês ano. Ex: 07 mar. 2012.

8 comentários:

  1. A moda dessa época é mesmo muito charmosa! E alguns termos continuaram sendo usados por muito tempo, né? Quando eu cortei meus cabelos curtinhos, meus pais diziam que era "à la garçonne"!
    Não sabia que tinham surgido inicialmente na Grã-Bretanha. Conhecia mais a influência francesa, principalmente de Coco Chanel.
    Adorei o texto! Vc está sempre nos trazendo um novo olhar sobre coisas que a gente achava que sabia!

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  2. Gente o post e os comentários da Tita falando dos pais casam perfeitamente!!!

    Eu fico aqui babando em cima dessa sua experiencia, me sinto quase uma tia desse blog \o/

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  3. Muito bom o seu texto, amo as flapper girls, que teve como melhor modelo a atriz Joan Crawford, a dançar o charleston sobre mesas em seus filmes mudos.O estilo da melindrosa se formou durante os anos 20, o ritmo frenético do charleston foi o ritmo das melindrosas com a sua pressa em viver e se divertir. A sua moda um pouco masculinizada, sem abrir mão da sua feminilidade, foi uma posição feminista que já se seguia desde início do século XX com as sufragistas. As melindrosas assumia atitudes masculinas, como o uso do fumo, para se fazer valer como mulher. Hollywood divulgou intensamente esse modelo de modernidade feminino.


    Very, very 20'ies,

    Danian.

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  4. Melo, tens alguma coisa sobre a Fratelli Vita? Estou escrevendo um livro sobre ela. Gustavo Arruda: gtarruda@pop.com.br

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  5. Melo, tens alguma coisa sobre a Fratelli Vita? Estou escrevendo um livro sobre ela. Gustavo Arruda: gtarruda@pop.com.br

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    1. Olá Gustavo. Desculpe, mas não tenho nada sobre esta empresa. Fiquei curioso sobre teu trabalho... desejo boa sorte. Qualquer coisa fique a vontade para perguntar. Volte sempre!

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